Quem vê essa mina falando tão abertamente sobre a experiência de ser estagiária, nem imagina o drama de novela mexicana por trás, senta lá que vem história. 12 de junho de 2019: para muitos era mais um dia dos namorados, para mim, foi o dia em que havia chegado ao limite.
Eu tinha feito duas entrevistas, uma pela manhã e outra um pouco depois do almoço. A vaga da tarde era a mais desejada por ser relacionada com audiovisual, área na qual já tinha me identificado nos trabalhos da faculdade mas, sinceramente, quem tá escolhendo quando se trata de primeiro estágio?
Como qualquer coisa que estamos começando, os primeiros passos podem ser um tanto assustadores e provar pra alguém que vale a pena investir em você - apesar da pouca (ou talvez quase nenhuma) experiência - te ensinando e também remunerando é realmente um desafio de controle de nervos. Eu particularmente aceitaria qualquer vaga que aparecesse, só queria que me chamassem pra um estágio.
A vaga da tarde terminou por ser a mais desejada e a mais decepcionante. De cara, eu e o entrevistador nos demos muito bem, conversamos sobre tudo o que eu já havia feito e listado no meu currículo assim como meus planos para o futuro, quais eram as minhas ambições e quais as da empresa na qual estava aplicando.
Quase 01h30 de conversa, provavelmente a entrevista mais longa que já havia feito, para ele me dizer: “seu currículo foi provavelmente o melhor que já recebi, mas acho que você não se encaixa na vaga”. Respirei, tentei não levar pro lado pessoal, não desanimei, fui para a parte prática e dei o meu melhor, queria provar que ele estava errado e que sim, eu servia. Mas nada adiantou.
Sai de lá um tanto arrasada. Já havia perdido a conta de quantas entrevistas tinha feito nos últimos meses sem qualquer sucesso. Havia até sido aprovada em uma das seleções, mas poucos dias depois recebi uma ligação dizendo que haviam precisado cancelar a vaga.
Nas conversas com meus amigos mais próximos a reclamação era constante. Havia passado os últimos dois anos me esforçando tanto...Tirava boas notas, fazia trabalhos legais, tinha meus próprios projetos fora da faculdade, havia me jogado em diversos cursos, não era possível que todo aquele investimento não teria valido a pena, me sentia cada vez mais incapaz e insuficiente.
Estava no quinto semestre e, na minha sala, a maioria dos colegas já estavam trabalhando. Meu tio que mora em São Paulo começou a intensivar os convites, que já eram frequentes, para que eu fosse morar na terra da garoa mas, eu havia voltado pra salvador há apenas dois anos e ainda não estava pronta pra dizer “tchau” de novo. Chorava quase todo dia antes de dormir, queria um estágio, por que ninguém queria apostar em mim?
Final de julho, um amigo havia me enviado um anúncio de uma seleção. Eu já estava entregando os pontos e pensando em outras possibilidades para aceitar a mudança de cidade ou simplesmente mudar de curso mas, me inscrevi só por descargo de consciência, mais uma negativa já não faria tanta diferença.
Foi uma das entrevistas mais rápidas da minha vida, 20 minutos de conversa, 40 minutos de uma prova prática... Sai de lá aliviada que mais aquela tinha acabado. Sem muita esperança, eu só queria tomar um sorvete e ir pra casa.
Quase um mês se passou para o dia que meu celular vibrou com o tão esperado e-mail: “Você foi aprovada na seleção”. Li...Li novamente, não queria comemorar, não queria contar pra ninguém, eu só iria acreditar quando começasse lá de verdade, e assim foi. Um mês de processo de admissão até o primeiro dia de trabalho quando postei um storie no instagram sem muitas explicações, era apenas o por-do-sol, a marcação do local e aquele emoji de mãozinhas já associado à gratidão.
Naquele primeiro dia, lembrei das noites que orava falando que quando fosse chamada faria o meu melhor, pedindo que Ele me levasse a um lugar que eu pudesse ser útil, que eu aprendesse, mas que também ajudasse, que fosse algo que contribuísse com outras pessoas.
Demorou, mas meu primeiro estágio (remunerado) preencheu e superou todas as minhas expectativas. Trabalho com áreas que desejava (sim, inclusive audiovisual – uhuuu!), fui desafiada (e ainda sou) o tempo todo, trabalho com uma equipe incrível que não só me dá espaço para contribuir, mas liberdade pra tentar. Que me acolheu, respeita, zoa com carinho, me dá bronca e vem me ensinando todos os dias. E quem diria, poucos meses depois, uma segunda oportunidade bateu as portas...
Contando agora parece até meio bobo, mas entendo a dor de quem tanto tem se esforçado sem ver as portas se abrindo. Não acredito em destino, mas acredito em esforço, acredito em fazer a minha parte, e por isso, em meio a uma situação completamente aleatória, de uma pandemia, quero começar a falar de estágio dizendo pra você, que talvez esteja completamente desanimado: Não desista! Segue se esforçando, segue se reinventado, segue criando que seu momento vai chegar. Enquanto a oportunidade não vem, espero por aqui com a minha pouca (mas um tanto intensa) experiência, poder te ajudar. Boa sorte!